Corrupção, por Micaela Vieira

género: Drama, Crime
título:
Corrupção
de:
João Botelho

escrito por: Carolina Salgado (Livro); João Botelho e Leonor Pinhão (adaptação)

com:
Nicolau Breyner, Margarida Vila-Nova, António Pedro Cerdeira, Ruy de Carvalho, Alexandra Lencastre, Miguel Guilherme e Rita Blanco

Sofia (Margarida Vila-Nova) é uma mãe solteira que divide o seu tempo entre dois trabalhos para poder sustentar os seus dois filhos. Durante o dia Sofia trabalha numa caixa de supermercado e durante a noite ela faz companhia aos homens num bar com o nome “alterne”. Este é frequentado por dirigentes desportivos, autarcas, juízes e outras figuras de poder. Certo dia Sofia aceita uma proposta de Luís (António Pedro Cerdeira), um inspector da PJ que anda a investigar casos de corrupção no mundo do futebol em Portugal. Ela deve aproximar-se do poderoso “Sr. Presidente” (Nicolau Breyner) e conhecer todos os seus segredos. Mas à medida que eles vão passando mais tempo juntos, Sofia apaixona-se e corta as relações com o inspector. Depois de vários anos juntos, com muito amor e luxo à mistura, Sofia é posta de lado pelo “Sr. Presidente” o que faz com que ela fique disposta a revelar toda a verdade à comunidade…

Visto que eu ainda não sou uma jornalista, muito menos uma crítica de cinema profissional, porque “amadores” todos nós somos, eu vou dar a minha opinião realmente pessoal. Quando me disseram para ver este filme a minha reposta imediata foi um “não” porque depois de O Crime do Padre Amaro, a minha visão do cinema português estava a resumir-se a sexo, polémica e escândalo. Como tinha visto o trailer há poucos dias pensei que Corrupção iria ser na mesma linha, mas enganei-me ligeiramente em relação às cenas de sexo (mas entendo o porque, vende).

Corrupção não é um grande filme mas também não é tão medíocre, como alguns andam a descrever. As interpretações de Nicolau Breyner e Vila-Nova estiveram muito boas. Sempre vi Breyner como um dos melhores actores portugueses e neste filme não foi nenhuma excepção. Vila-Nova é uma actriz que os portugueses estão mais habituados a ver no pequeno ecrã nas telenovelas. A última onde ela participou, e talvez a razão por ela ter sido convidada a participar neste filme, foi Tempo de Viver (TVI) onde era a filha de Alexandre Lencastre. No filme ambas voltam a ser mãe e filha, mas a química perdeu-se na altura do fim da novela.

O filme baseia-se obviamente na obra literária “Eu, Carolina”, escrito por Carolina Salgado, a ex-companheira do actual presidente do FCP Pinto da Costa. Desde o cuidado da maquilhagem, à roupa até ao cabelo o filme tenta ao máximo passar o as palavras do livro para imagens do filme. Por isso acho demasiado irónico quando João Botelho (o realizador que, juntamente com argumentista Pinhão, recusou assinar este filme por diferir com o produtor Alexandre Valente em questões relacionadas com a montagem e a banda sonora) acentua que apenas pretendeu denunciar “o poder”, sem estabelecer qualquer relação com Pinto da Costa e a sua ex-companheira, Carolina Salgado. O que é engraçado porque o filme é feito à volta de Salgado e do seu bom nome.

Quando ao filme propriamente dito, a realização é muito pobre no sentido em que os planos são muito simples e frios. Isto faz com a falta de ritmo no filme e a fraca interacção entre os actores seja evidente. O guião foi claramente feito “à pressa” visto que os diálogos são pobres de informação, com frases curtas e sem nexo. E assim surge a polémica montagem, aquela que foi alterada. Mas será que foi para melhor ou para pior? Esta montagem, sem os “17 minutos” que foram cortados, está muito mal conseguida. Não há um fio condutor de ideias já que há muitos momentos no filme em que uma cena surge do nada, sem ligação à anterior.

Corrupção não é um grande filme mas também não é tão medíocre, como alguns andam a descrever”. Disse tal porque reconheço o esforço em que os portugueses no mundo do cinema, neste caso João Botelho que sem nenhum apoio financeiro conseguiu elaborar este filme com um orçamento de um milhão de euros. Isto porque ele soube aproveitar o momento já que toda a euforia em volta deste caso ainda está “quente”. Em um ano o livro foi lançado e já há um filme em 55 salas portuguesas, com mais de 119 mil espectadores até há data.

Mesmo que não se acredite no que é relatado no livro do qual o filme é baseado, é importante que todos o vejam para poder criticar. Apesar de todos os pontos negativos ao nível da realização (…), o filme é uma produção nacional baseada em factos reais (Apito Dourado, relacionamento amoroso…) sem apoios e com uma qualidade de som e de imagem melhores do que alguns filmes portugueses como o Kiss Me. E se querem melhores filmes, com melhor qualidade então uma sugestão: vejam cinema português!

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2 Responses to Corrupção, por Micaela Vieira

  1. Vi o vosso recente post sobre os plágios e pensei:
    Será que ficaram ofendidos pelo meu post de destaque também?

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