Review: Irmãos e Irmãs- “Separation Anxiety” (13/16)

  • Episódio: “Separation Anxiety” (13/16)
  • Temporada:
  • Canal: RTP2/FOX Life
  • Primeira transmissão em Portugal: 9 de Maio de 2008
  • Primeira transmissão nos EUA: 20 de Abril de 2008

“I’m leaving to get away from all of you!”

Todas estas personagens estão num enorme grau de ansiedade: sejam os cinco irmãos sobre a decisão de Nora (Sally Field) ou seja a própria viúva sobre o que deve realmente fazer com a sua vida. Mas mais ansiosos do que eles, estávamos nós, o público, pelo regresso de Irmãos e Irmãs à nossa companhia, e a verdade é que o balde de água fria que os filhos de Nora apanharam ao saberem do convite de Isaac (participação de Danny Glover; Arma Mortífera) para irem morar os dois em Washington não é nada comparado com o balde de água gelada que foi este episódio…

Para falar a verdade, até nem é um episódio muito mau. Em muitos momentos, acabou mesmo por ultrapassar a qualidade e o interesse do episódio passado. Mas penso que a principal razão que me faz ter uma opinião negativa sobre este “Separation Anxiety” foi o seu início: o momento em que fica claro que a campanha presidencial de Robert (Rob Lowe) terminou. Todos nós sabemos que McCallister nunca iria chegar a Presidente; afinal, seria viável fazer uma série familiar com a acção a decorrer entre Los Angeles e Washington, entre a mansão dos Walker e a Casa Branca? Ao longo dos últimos meses, por essa Internet fora, encontrei sempre opiniões um tanto ou quanto negativas sobre a sub-trama política da série, embora eu achasse que dava um toque de classe ao programa, nunca o escondi nestas reviews. Mas também estava ciente, como já referi, que tinha de acontecer algo que impedisse a série de se tornar na nova Os Homens do Presidente. Mas terá sido esta a melhor opção, descartar uma história que acompanhamos durante quase um ano sem mais nem menos?

Três meses se passaram e Robert e Kitty (Calista Flockhart) são agora um casal feliz, que já começaram os tratamentos necessários para engravidar; agora, essa serenidade parece ser ameaçada com a possibilidade de Robert vir a ser o Vice-presidente da campanha republicana. Mas, então, não terá este anúncio as mesmas consequências que a história abandonada no início do episódio? Para quê despromover Robert de Presidente para Vice se vai dar tudo ao mesmo? É mais do que esperado que McCallister aceite mesmo o convite, mas receio que os argumentistas tenham estragado todo o enorme interesse que eu tinha na campanha política da série com esta reviravolta…

Pode parecer implicância da minha parte, mas este twist condenou a minha visualização do episódio, cujas restantes sub-tramas acabam também por não ser tão bem desenvolvidas quanto se esperava: os cinco irmãos entram em pânico com a possibilidade de Nora se mudar e o aniversário de Rebecca (Emily VanCamp) só está rodeado de dúvidas.

As cenas em que os cinco tentam convencer a mãe a recusar o convite de Isaac para viver com ele em Washington são divertidas, e conseguem confirmar o grande calcanhar de Aquiles destas personagens enquanto seres humanos: o medo de seguir em frente, sem medos. Nora aceita o convite perante a intransigência dos filhos, mas nunca é um “sim” seguro, é sempre cheio de remorsos e reconsiderações. Tal como a própria afirma, Nora não consegue dar um passo sem o consentimento deles; como conseguiria ela viver numa cidade longe dos seus rebentos? E, mais importante do que isso, como é que poderiam eles viver consigo próprios sem o colo da mãe para se poderem apoiar? O “Eu preciso de ti” de Kitty no final do episódio é mais do que suficiente para explicar o medo juvenil que se alastrou pelos cinco protagonistas da série. Mas, mais cedo ou mais tarde, os herdeiros de William terão de ganhar asas e voar sozinhos. Nora já tomou essa iniciativa em vários episódios (como esquecer a sua cena final à beira da piscina com Justin em 36 Hours”, que, curiosamente, foi escrito pela mesma dupla responsável por este primeiro episódio pós-greve – David Marshall Grant e Molly Newman -?) e volta a fazê-lo esta semana. Mas quantos mais incentivos necessitam estas personagens para seguir em frente?!

Finalmente, chegamos ao ponto que se prepara para concentrar todas as atenções em si: a paternidade de Rebecca. David (participação de Ken Olin) oferece à jovem um colar que pertencia à sua mãe, deixando Holly (Patricia Wettig) furiosa com as insinuações que o realizador está a fazer; mal sabiam eles que Justin (Dave Annable) ouviu toda esta conversa, acidentalmente. O ex-soldado depressa conta à meia-irmã o sucedido, que lhe confessa todas as suas dúvidas e receios, ao mesmo tempo que David coloca Holly entre a espada e a parede: afinal, existe uma ligeira possibilidade de Rebecca não ser filha de William(?!)… Será que as mentiras de Holly acabarão algum dia? Aparentemente, sim. O teste de paternidade que Justin encoraja Rebecca a fazer promete ser o documento que irá terminar com todas as dúvidas e que poderá impedir que os argumentistas façam com esta história o mesmo que fizeram com a campanha de Robert: destruir uma storyline que acompanhamos durante mais de um ano…

Mas nem tudo correu mal neste episódio. Existem quatro pontos que gostaria de salientar e que me reconfortaram nos piores momentos da semana:

  1. A conversa telefónica entre os cinco irmãos e a maneira como cada um recebeu a notícia do convite de Isaac, especialmente Kevin (Matthew Rhys)! Quando é que foi a última vez que tivemos uma divertida conversa telefónica em cadeia? Exacto, já nem me consigo lembrar… E o facto de Rebecca também ter sido incluída, de certa forma, nesta íntrinseca rede telefónica que são os contactos entre os Walker também me deixou bastante satisfeito, não obstante a possibilidade da jovem não ser, realmente, uma Walker
  2. A amizade entre Nora e Holly. Também já não me consigo recordar da última vez que tivemos uma boa cena entre as duas, mas a deste episódio valeu por muitas que não vimos. Hoje, Nora e Holly são duas boas amigas, com as suas vidas organizadas (dentro do possível) e que não têm problemas em partilhar os seus sonhos e o que pensam sobre os homens que amam, desde, claro, que não estejam apaixonadas pela mesma pessoa… A evolução desde o último confronto entre as duas, que envolveu os mais variados alimentos em “Graps of Wrath”, até hoje foi também um dos momentos mais tocantes do episódio. E agora pergunto: será que as revelações dos próximos episódios irão destruir esta aproximação?
  3. E já que falamos na evolução das relações de Nora, há que falar nos seus problemas com Kitty. Lembram-se do início da série, quando mãe e filha discutiam por tudo e por nada? Essa mãe e filha têm alguma coisa a ver com as duas mulheres, amigas (que, por acaso, até são mãe e filha) que conhecemos hoje? Ambas conseguiram colocar as suas diferenças para trás das costas e dar importância ao amor maternal que as une. Mais uma vez, parafraseando Kitty: “Eu preciso de ti”.
  4. O facto de a RTP2 continuar a dar seguimento à história, sem paragens. Neste momento, a diferença entre a transmissão americana e a transmissão portuguesa de Irmãos e Irmãs é a menor da televisão nacional, apenas 19 dias, sendo seguida de muito perto pelo policial Mentes Criminosas, cuja terceira série o AXN está a emitir com um desfasamento de 27 dias. Estaremos perante uma nova era das séries de televisão em Portugal?

Talvez me esteja a deixar influenciar em demasia por um apontamento mínimo na apreciação global do episódio. Talvez as minhas expectativas para este regresso estivessem muito altas. Mas a verdade é que se esperava muito mais depois dos largos meses de paragem resultantes da greve dos argumentistas. Espero que os responsáveis pela série refinem alguns dos pontos menos bem conseguidos deste episódio, especialmente as histórias de Saul (Ron Rifkin) e Sarah (Rachel Griffiths). Vai demorar muito até Saul assumir os seus segredos perante a família? Até quando é que Sarah vai manter esta personalidade mais imatura, inconsequente e irritante? Espero mesmo que as coisas melhorem daqui para a frente: o nível de qualidade que Irmãos e Irmãs (e esta temporada, em particular) já nos habitou merece o esforço…

No próximo episódio:

6 Responses to Review: Irmãos e Irmãs- “Separation Anxiety” (13/16)

  1. Bruno Sarmento Melo diz:

    eu adorei este episodio!!!foi dos melhores da temporada!!! 😦

  2. Duarte Faria diz:

    Por acaso achei o episódio bastante bom. É certo que se algumas tramas foram encerradas, assim tinha de acontecer, mais cedo ou mais tarde, mas outras foram abertas e fica no ar a ideia de que vamos agora entrar numa nova fase.

  3. teresa diz:

    gostei muito do episódio

  4. E a verdade é que depois de uma segunda visualização o episódio não é assim tão mau como eu o pintei à primeira. Implicância da minha parte? Talvez. Mas mesmo assim, esperava um pouco mais de um episódio que marcava o regresso de uma paragem de 3 meses.

    Mas posso garantir que os episódios finais são de comer e chorar por mais. Brilhantes, do melhor que eles já fizeram. 😉

    Obrigado pelos comentários.
    Cumps

  5. Pedro Maciel diz:

    Realmente também fiquei um pouco desiludido com a desistência da corrida presidencial. É mesmo um balde de água fria, como escreveste. Mas também sei que é a minha faceta de fâ incondicional de West Wing a chamar 🙂 E isso acaba por ensombrar a correcta apreciação do episódio. Se tirarmos esse pormenor, o episódio até é bom.

    Continua com o bom trabalho

  6. […] tanto. A única diferença entre as duas é que o final da campanha política de McCallister, na semana passada, surgiu-nos de uma maneira demasiadamente brusca; já o caso de Rebecca é bem diferente. […]

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