Título original: W.
De: Oliver Stone
Escrito por: Stanley Weiser
Com: Josh Brolin, Elizabeth Banks, James Cromwell, Richard Dreyfuss, Jeffrey Wright e Scott Glenn
Um brilhante exercício de cinema.
E se o homem mais poderoso do mundo fosse apenas um filho em busca da aprovação do pai?
A ovelha negra da família, mesnoprezado e por isso mesmo mais determinado?
Um homem que errou muito, conquistou muito, mas nem assim se livrou de ser o rapazito triste a precisar de conforto e carinho?
Este jogo de Oliver Stone – de mostrar George W. Bush como um homem sujeito a um pai que nunca deposita nele qualquer esperança nem em momento algum o aprova; de mostrar um George W. Bush alcoólico e playboy; de mostrar um George W. Bush a correr para a Casa Branca por um chamamento de Deus – é uma provocação, não a Democratas ou a Republicanos, mas simplesmente ao próprio espectador que se apresente com ideias preconcebidas neste filme.
Não que W. deixe de ser um filme político.
Simplesmente reflecte-o também como parte de uma imagem maior.
A reflexão política não se anula perante o sujeito, nem a sua vida íntima permite que a realidade (porque com mais ou menos ficcionalização, sabemos que os acontecimentos terão ocorrido assim) anule a personagem para a tornar “saco de pancada” de uma qualquer vontade política.
A visão de W. centra-se em Bush e, como tal, as figuras políticas à sua volta surgem na reacção à figura central (mas nem sempre decisiva) que está perante eles. E, também, como Bush reage a eles.
Por isso mesmo, há uma visão particular de como ele manobra, de como o manobram e de como os outros manobram em torno dele que tem um sentido político mais arguto do que a mera evidência de factos.
Para isso contribui o excepcional trabalho de Oliver Stone que utiliza de todas as (grandiosas) ferramentas que o Cinema permite, tendo ainda a sorte de ter um leque de actores que encorporam com enorme cuidado e talento as figuras que estão a “mimetizar”.
Assim se consegue escapar a expectativas redutoras e entregar verdadeiramente Bush ao Cinema.
Um filme sem demagogia ideológica, de uma enorme dedicação à sua personagem que só “por acaso” é um homem que (re)conhecemos e julgamos com demasiada facilidade.
George W. Bush é, afinal, uma personagem de enorme empatia e mais matizada do que poderíamos crer, um homem sem capacidade para ser presidente, manipulado e abandonado à sua sorte.
Ou seria se depois não fosse tragicamente ridículo o seu legado ao mundo.
Nenhuma dessas facetas essenciais desaparece em W. e é esse o seu triunfo.
Classificação:
[…] Destruir Depois de Ler, com Brad Pitt e George Clooney, mantém o seu quarto lugar, tal como na semana passada. A surpresa (negativa) desta tabela surge na quinta posição e é uma entrada directa. W., o polémico e aguardado filme de Oliver Stone, uma espécie de biografia de George W. Bush, que sem tomar partido, revela o lado por detrás do homem mais poderoso do Mundo (ou não, conforme preferirem) e não conseguiu mais que 15.635 em oito dias de exibição por 30 salas do país. Preconceito? Fobia política? Não saberemos. Contudo, o filme obteve classificação de 7.0/10 no IMDb e dividiu os cinéfilos do RottenTomatoes.com, obtendo 56% de críticas positivas. Caso queira saber mais, leia a crítica de W., por Carlos Antunes, clicando AQUI. […]