Hotvnews presents… “Babylon A.D.”

Num futuro próximo, Toorop (Vin Diesel), um militar veterano convertido em mercenário, aceita a missão de escoltar uma jovem mulher da Rússia para a China. O que ele não sabe é que a rapariga foi geneticamente modificada para servir de hospedeira a um organismo a que um culto quer deitar a mão, com objectivos sinistros que poderão implicar o fim da raça humana…

“Babylon A.D.” é uma adaptação da novela de ficção científica do autor francês Maurice G. Dantec com o título “Babylon Babies“. Músico punk e escritor de culto na sua terra natal, Dantec é praticamente desconhecido no nosso país. A sua prosa caracteriza-se por ser carregada de acção, mas com uma menor ênfase na caracterização das personagens, e o livro em causa não é excepção. Descrevendo um mundo fragmentado, onde já não existem nações e a tecnologia assume um papel fundamental na evolução humana, caracteristicas da vertente cyberpunk, esta obra presta-se à criação de um bom filme de acção, e em 2005 o realizador francês Mathieu Kassovitz foi escolhido para esse mesmo efeito. Dono de um estilo vigoroso e influenciado pelo cinema de série B, “Kasso“, após o sucesso do seu desigual mas interessante “Os crimes do Rio Púrpura” e do fracasso da sua experiência americana “Gothika“, parecia ter a sua tarefa talhada à medida. Nada poderia estar mais longe da verdade.

Kassovitz, em conjunto com o escritor Eric Besnard, adaptou o original num argumento cinematográfico, fazendo poucas alterações ao enredo principal, e criando alguns personagens para engrossar o elenco. O realizador estava pronto para começar o processo de produção. No princípio de 2006, contratou o actor Vincent Cassel, com quem já tinha trabalhado, para assumir o papel de Toorop,  e os problemas começaram. Um número crescente de dificuldades para reunir o orçamento necessário de 78 milhões de dólares obrigaram o cineasta a substituir Cassel pelo americano Vin Diesel, cujo maior peso comercial e imponente presença física o transformavam na escolha ideal para uma película deste género. A ele juntou-se Michelle Yeoh, uma veterana do cinema de acção de Hong Kong que conseguiu a transposição para o cinema ocidental com sucesso. “Kasso“, graças a estas escolhas de elenco, conseguiu assim reunir o dinheiro de que precisava, e as filmagens puderam assim começar.

Contudo, mal estas tiveram início, Kassovitz não tardou a ter desentendimentos com Diesel. Algumas fontes internas alegam que o actor se atrasava constantemente na hora de chegada ao plateau, às vezes até duas horas, lançando o caos no plano de filmagens, e divertindo-se com o facto de receber horas extraordinárias por demoras que ele próprio causara. Outras culpam “Kasso“, afirmando que ele é excessivamente exigente e impossível de aturar. O agente de Diesel teve de se deslocar várias vezes até Praga, onde decorreram a maior parte das filmagens, para tentar acalmar os dois homens. Mediante relatos contraditórios, é dificil atribuir culpas, mas decerto terão ambos a sua quota parte de responsabilidade. Toda esta tensão prejudicou o filme devido ao mau ambiente on set, e atrasou tanto as filmagens que a equipa acabou por ter de abandonar o plateau que estava a utilizar, para dar o lugar à próxima produção agendada no local.

Nem o clima ajudou. O argumento tinha uma cena passada na neve, mas, na zona da Europa de Leste escolhida para a filmar, nem um único floco era visível. Kassovitz não teve outro remédio senão mudar-se de armas e bagagens para a Suécia, provocando mais duas semanas de atraso e inflacionando o orçamento para além do seu limite. Num rasgo de sorte, o seguro da produção previa esses problemas, e a companhia seguradora avançou com mais 1 milhão e meio de dólares para concluir o projecto. Porém, essa injecção de fundos não foi suficiente, e foi necessário pensar “fora da caixa”: Por exemplo, criou-se um concurso para quem quisesse filmar um “anúncio e/ou noticiário futurista” que seria incluído no filme, porque a produção já não tinha dinheiro para o fazer.

Estamos perante uma obra “maldita”? A história cinematográfica já tem uma rica tradição de películas que parecem estar condenadas ao fracasso, e cuja criação acaba por constituir uma narrativa bem mais interessante que o seu próprio argumento. Sem dúvida que as condições caóticas das filmagens serão prejudiciais à qualidade do produto final, mas o potencial do mesmo também é inegável, se olharmos para alguns dos nomes inscritos na ficha técnica. Para além de Kassovitz, Diesel e Yeoh, escolhas seguras para um filme de grande acção, o elenco encontra-se polvilhado de actores de grande talento: Charlotte Rampling, Lambert Wilson, Jamel Debbouze e Gérard Depardieu. O conceituado compositor Hans Zimmer (“Gladiador“) trabalhou na partitura com o produtor de hip hop Rza (“Kill Bill“), e os rumores indicam este ser o melhor trabalho de sempre de ambos.

Resta-nos, então, esperar por este “Babylon A.D.“, com estreia marcada nos E.U.A. para 29 de Agosto de 2008, e verificar se esse potencial será ou não visível no que poderá vir a ser, ou um grande sucesso de Verão, ou um flop na tradição de “Waterworld“. Entretanto, poderão visitar o site oficial  e ver algumas imagens de seguida: